domingo, 25 de outubro de 2015

Identidades da EJA : Conquistas, Desafios e Estratégias de Lutas


                                   Determinar claramente a identidade da EJA, pressupõe um olhar diferenciado para seu público, acolhendo de fato seus conhecimentos, interesses e necessidades de aprendizagem. Pressupõe-se, também, a formulação de propostas flexíveis e adaptáveis às diferentes realidades, contemplando temas como a cultura e tudo que esta contempla: relações sociais, necessidades dos alunos e da comunidade, meio ambiente, cidadania, trabalho e exercício da autonomia.

                                   A identidade da EJA, vem sendo construída e modificada historicamente. No decorrer do processo, tivemos a denominação "supletivo"  que embutia em seu sentido a conotação de compensar o “tempo perdido" ou "complementar o inacabado", com a idéia de substituir de forma compensatória o ensino regular. O que hoje é concebido como educação de jovens e adultos, corresponde à aprendizagem e qualificação permanentes, não apenas suplementares, mas fundamentais e que favoreçam a emancipação.

                                    Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, é necessário que a EJA assuma a função reparadora de uma realidade injusta, que não deu oportunidade nem direito a escolarização de tantas pessoas. Ela deve também contemplar o aspecto equalizador da educação, possibilitando novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços da estética e na abertura de canais de participação. Mas há ainda outra função a ser desempenhada pela EJA: a qualificadora, com apelo à formação permanente, voltada para a solidariedade, igualdade e diversidade.

                                    Nesse sentido, a Educação de Jovens e Adultos identifica-se com o compromisso para a valorização e qualidade dos profissionais que nela atuam, através da constante atualização da sua formação e no empenho em apontar políticas públicas, que venham melhor atender as especificidades destas modalidades.     A partir de 1990 em um âmbito internacional na V Conferência de Educação de Adultos, foi enfatizado a importância do ensino para Jovens e Adultos; tendo como ênfase o direito e respeito dessas pessoas que não concluíram o ensino  regular.

                                    No período da ditadura militar no Brasil, os jovens foram esquecidos, pois foi essa massa de pessoas que não concordavam com o regime imposto. Com a V Convenção de 1990, as mudanças começaram a enfatizar um estudo sobre estes jovens e suas necessidades dentro do currículo escolar.

                                    Partindo desse entendimento de uma necessidade e valorização dessa massa de pessoas, buscou-se uma forma de inserir esses jovens e adultos onde enfatizamos uma educação multicultural que desenvolva o conhecimento e a integração entre as diversidades culturais. Buscando uma compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura e outras       formas de discriminação.

                                  Nessa perspectiva de valorizar e destacar a educação de jovens e adultos, o profissional da educação também teve de se adequar a essa nova realidade que está sendo proposta, isto é, o educador deve conhecer  o aluno a partir do aluno, sendo a percepção um dos elementos que fará a diferença na            aprendizagem. Com essa ênfase e a nova perspectiva de educação para jovens e adultos, o entendimento dessa construção se dá a partir de um elemento importante por parte do educador, que é ouvir o educando e conhecer a realidade que o mesmo se encontra.


HISTÓRICO DA EJA

 
               Definiu-se uma concepção de Educação de Jovens e adultos a partir da Constituição Federal de 1988. No artigo 208, a Educação passa a ser direito de todos, independente de idade, e nas disposições transitórias, são definidas metas e recursos orçamentários para a erradicação do analfabetismo.  Apesar desse artigo, chegamos à década de 90 com Políticas Públicas educacionais pouco favoráveis a este setor ( porque os programas oferecidos em 1988 não atendiam a demanda populacional ).

               Entretanto, após dois anos da Constituição em vigor, e já convencido pela ideologia do ajuste neoliberal, Fernando Collor de Mello, em 1990, extinguirá a Fundação Educar, intervindo de forma negativa nos financiamentos de longo prazo para a educação. A Fundação Educar, na forma de convênios, financiava programas educativos que, quando foram suprimidos, eliminaram os recursos facultados às pessoas jurídicas, da ordem de 2% de abatimento sobre o Imposto de Renda, para investimentos destinados à alfabetização dos adultos.

             Para o Movimento de Educação de Jovens e Adultos foi importante a contribuição de Paulo Freire por toda sua trajetória, pois foi herdeiro da tradição da educação popular e, particularmente do MOVA-SP (1989-1991). Por que Paulo Freire ? Porque ele era um dos fundadores do  o pedagogo mais importante na segunda metade do século XX. Ele retoma o pensamento da Escola Nova e o leva a uma análise muito crítica; que representou esta nova perspectiva pedagógica. Na administração pedagógica de Paulo Freire diminuiu-se a repetência escolar, criou-se o movimento de reorientação curricular e os conselhos de escola.

              A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394/96 a nomenclatura Ensino Supletivo passa para EJA, não trata da questão do analfabetismo, reduz idade para realização dos exames em relação a Lei 5692/71.


CONCLUSÃO


                Considerando a trajetória da EJA no Brasil, este tem sido pautado por campanhas ou movimentos desenvolvidos, a partir da administração federal, com envolvimento de organizações da sociedade civil, visando à realização de propostas ambiciosas de eliminação do analfabetismo e formação de mão-de-obra, em curtos espaços de tempo. Nos dias de hoje a alfabetização não visa somente à capacitação do aluno para o mercado de trabalho é também necessário que a escola desenvolva no aluno suas capacidades, em função de novos saberes que se produzem e que demande um novo tipo de profissional, que o educando obtenha  uma formação indispensável para o exercício pleno da cidadania .           

                   Fizemos toda essa reflexão para destacar a necessidade de avanços, tanto no sentido de ampliação da cobertura das populações ainda marginalizadas da escolarização, quanto no de qualificar pedagogicamente, a "educação popular" voltada para os interesses populares .

                  Nós, educadores, estamos convencidos de que, nas condições sociais atuais, uma política nacional de alfabetização só poderá obter algum sucesso se estiver vinculada a um projeto político-econômico que supere as causas sociais que produzem e mantém o analfabetismo.

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